Técnicas de Priorização de Requisitos Analisadas
Priorizar requisitos significa definir o que é mais importante para ser desenvolvido primeiro, com base no valor que cada item traz ao projeto. A priorização é fundamental em projetos ágeis (WIEGERS; BEATTY, 2013). Diversos stakeholders precisam participar desta etapa: clientes, patrocinadores, gerência de projeto, desenvolvimento e outras partes interessadas.
Alan Davis (2005) indica que uma priorização bem-sucedida requer entendimento de seis aspectos:
- As necessidades dos clientes
- A importância relativa dos requisitos para os clientes
- O momento em que as funcionalidades precisam ser entregues
- Requisitos que são predecessores de outros requisitos e outros relacionamentos
- Quais requisitos precisam ser implementados como um grupo
- O custo para satisfazer cada requisito
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A seguir, serão apresentadas algumas das principais técnicas de priorização utilizadas por profissionais da área:
1.0 Timeboxing
Prioriza requisitos em projetos com recursos fixos, como tempo ou orçamento. Existem três formas principais de decidir o que entra nesses limites (“caixas fixas de recursos"):
- Tudo dentro: começa com todos os requisitos e vai removendo os menos importantes até caber no tempo ou orçamento.
- Tudo fora: começa com a caixa vazia e vai adicionando os requisitos mais importantes até atingir o limite.
- Seletivo: escolhe os de maior prioridade e ajusta-se o escopo com adições ou remoções até que ele se encaixe no prazo ou orçamento disponível.
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2.0 Votação
De acordo com Vazquez e Simões, a priorização por votação distribui recursos (como votos ou dinheiro) entre os participantes, que os aplicam nos requisitos que consideram mais importantes. Essa técnica é comum em empresas que desenvolvem software como produto, usando o feedback dos clientes para decidir quais melhorias incluir nas próximas versões, já que nem todas podem ser implementadas devido a limitações de recursos. Conhecida por ser democrática, pode envolver todas as partes interessadas(stakeholders).
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3.0 First Thing First
A técnica de priorização de requisitos "First Things First" tem como objetivo estabelecer uma ordem estratégica para a implementação das funcionalidades, considerando critérios que impactam diretamente sua disponibilização aos usuários finais da aplicação.
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4.0 ROI - Return On Investment
A técnica de priorização de requisitos baseada em ROI (Retorno sobre o Investimento) avalia cada funcionalidade considerando o valor que ela entrega ao negócio e o custo necessário para implementá-la. A fórmula usada é:
ROI = Benefício / Custo
Funcionalidades com maior ROI são priorizadas, pois oferecem mais retorno com menos esforço. A técnica é objetiva e útil para projetos com recursos limitados, mas exige boas estimativas e pode não capturar bem fatores qualitativos.
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5.0 QFD - Quality Function Deployment
Por meio de uma matriz chamada Casa da Qualidade, a QFD relaciona o que o cliente deseja ("Whats") com como a empresa pode atender essas demandas ("Hows"), atribuindo pesos às relações. Também avalia a concorrência e analisa interações entre requisitos técnicos. O principal objetivo é garantir que o projeto foque no que realmente importa para o cliente, promovendo qualidade e alinhamento com suas expectativas.
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6.0 TQM - Total Quality Management
É uma abordagem focada na melhoria contínua da qualidade em todos os processos da organização, com envolvimento de todos os colaboradores e foco na satisfação do cliente.
- Os principais pilares da TQM são:
- Orientação ao cliente
- Medição e análise da qualidade
- Melhoria contínua
- Empoderamento dos funcionários
- Trabalho em equipe
- Liderança comprometida
Seu objetivo é garantir que produtos e serviços atendam ou superem as expectativas dos clientes, promovendo eficiência e excelência organizacional.
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7.0 MoScoW
O método MoSCoW é uma técnica de priorização de requisitos que classifica itens em quatro categorias:
- Must (Deve): Essencial para o sucesso do projeto.
- Should (Deveria): Importante, mas não essencial.
- Could (Poderia): Desejável, mas opcional, se houver tempo e recursos.
- Won’t (Não será): Não será implementado agora, mas pode ser no futuro.
Embora amplamente usada, a técnica MoSCoW é criticada por ser ambígua quanto ao tempo de entrega e por não oferecer critérios claros para definir prioridades. Além disso, em práticas reais, muitos times focam quase exclusivamente nos requisitos marcados como "Must", ignorando os demais, o que compromete a real utilidade da categorização.
(A fonte não recomenda o MoSCoW, sugerindo que outras abordagens, como uma escala baseada em importância e urgência, são mais eficazes)
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8.0 100$
O método dos 100 dólares é uma técnica de priorização em que cada participante recebe 100 dólares fictícios para "gastar" nos requisitos que considera mais importantes. Quanto mais importante for o requisito, mais dólares ele recebe. Ao final, somam-se os valores atribuídos para definir as prioridades coletivas.
- Vantagens:
- Torna a priorização mais tangível e fácil de visualizar.
- Estimula o pensamento crítico sobre valor e prioridade.
- Desvantagens:
- Pode ser manipulado (por exemplo, alguém aloca os 100 dólares em um único item).
- Não considera o esforço ou custo real de implementação dos requisitos.
- Pode ignorar o valor relativo entre múltiplos requisitos com esforço semelhante.
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9.0 In or out
O método In or Out (Entra ou Sai) é uma abordagem simples de priorização em que os stakeholders decidem, para cada requisito, se ele será incluído ou não no próximo ciclo de desenvolvimento. A ideia é reduzir a lista ao mínimo necessário para a próxima entrega, e os itens deixados de fora são reconsiderados em ciclos futuros. A principal vantagem desse método é sua simplicidade e rapidez na tomada de decisão.Um exemplo interessante ocorreu quando um stakeholder tornou o processo mais leve fazendo um som de explosão toda vez que um requisito era descartado, como se estivesse “explodindo” o item.
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10.0 Três níveis
A escala de três níveis é uma técnica comum que classifica os requisitos em categorias como alta, média e baixa prioridade, combinando critérios de importância e urgência. Os requisitos são organizados em uma matriz com quatro quadrantes: os altamente prioritários são os que são importantes e urgentes; os prioritários médios são importantes, mas não urgentes; os "não faça isso" são urgentes, mas não importantes; e os de baixa prioridade não são nem importantes nem urgentes.
Essa abordagem ajuda stakeholders a tomar decisões mais conscientes, mas exige alinhamento sobre o que cada nível realmente significa. É útil incluir a prioridade como atributo nos documentos dos requisitos para facilitar a comunicação.
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Bibliografia
WIEGERS, Karl; BEATTY, Joy. Software Requirements, Third Edition. Washington: Microsoft Press, 2013. Disponível em: https://aprender3.unb.br/pluginfile.php/3096091/mod_resource/content/3/PriorizaA%CC%83%C2%A7A%CC%83%C2%A3o%20de%20Req.pdf. Acesso em: 2 maio 2025.
Carlos Eduardo Vazquez, Guilherme Siqueira Simões Engenharia de Requisitos Software Orientado ao Negócio. Copyright© 2016 por Brasport Livros e Multimídia Ltda. Disponível em: https://analisederequisitos.com.br/wp-content/uploads/2023/06/engenharia-de-requisitos-software-orientado-ao-negocio.pdf. Acesso em: 2 maio 2025.
SERRANO, Milene; SERRANO, Maurício. Requisitos – Aula 07. [Apresentação de aula]. Universidade de Brasília – FGA. Gama: UnB/FGA. Disponível em: https://aprender3.unb.br/pluginfile.php/3096086/mod_resource/content/2/Requisitos%20-%20Aula%2007.pdf. Acesso em: 2 maio 2025.
Histórico de Versões
Tabela 1: Histórico de versões
Fonte: Caio Duarte, Gabriel Pinto, João Félix, Laryssa Felix, Letícia Monteiro, Ludmila Nunes e Mayara Marques, 2025.