Técnicas de Elicitação
Introdução
Para desenvolver um software que realmente atenda às expectativas dos usuários, é fundamental compreender com clareza o que eles precisam. É aí que entram as técnicas de elicitação de requisitos — métodos usados para descobrir, entender e documentar as demandas e expectativas dos envolvidos no projeto. Com o uso adequado dessas técnicas, é possível transformar ideias e necessidades em requisitos bem definidos, ajudando os profissionais de software a criar soluções mais alinhadas à realidade dos usuários.
Descrição de técnicas
Análise de Documentação
Segundo Vazques & Simões (2016), a análise de documentação é uma técnica de elicitação baseada em documentos que busca reduzir o retrabalho para manutenção e evolução de um software ao utilizar os artefatos já elaborados pelo processo de desenvolvimento, incluindo, mas não limitado a, requisitos já elicitados, priorizados e especificados, modelos e executáveis, sejam eles protótipos ou versões finalizadas. Cabe à equipe decidir quais artefatos devem ser analisados para elicitar requisitos. Essa técnica pode ser utilizada por si só ou de forma a suportar e preparar o caminho para demais técnicas de elicitação, como a introspecção. A técnica possui grandes vantagens para sistemas baseados em outros mais legados, todavia é de difícil utilização para sistemas completamente novos.
Introspecção
A introspecção é uma abordagem utilizada na elicitação de requisitos que busca definir características essenciais de um sistema a partir de uma reflexão aprofundada sobre seu uso ideal. Por meio desse processo, o responsável pela análise imagina cenários hipotéticos nos quais determinadas tarefas seriam executadas, identificando assim os elementos indispensáveis para o funcionamento do software. No entanto, essa técnica apresenta desafios, pois a perspectiva dos especialistas pode não corresponder totalmente às necessidades e experiências dos usuários reais, especialmente no contexto do design de interfaces e da adoção de novas tecnologias.
Brainstorm
Essa atividade de brainstorming funciona para qualquer produto ou serviço, e resulta numa lista priorizada de necessidades e desejos dos usuários. Em geral, essa técnica é utilizada para levantar requisitos e aprender sobre novas características que os usuários apreciariam em um produto. Uma sessão de brainstorming pode ser conduzida em aproximadamente uma hora, e leva menos tempo ainda para analisar os dados de uma sessão, o que torna essa técnica leve em termos de recursos, mas poderosa em termos de resultados.
Entrevista
A entrevista é uma das técnicas mais utilizadas para coleta de dados na elicitação de requisitos. Trata-se de uma conversa guiada por um roteiro de perguntas, em que o entrevistador busca compreender melhor as experiências, opiniões, necessidades e desejos do entrevistado em relação a um sistema ou contexto de uso. As perguntas podem ser abertas, permitindo que o entrevistado responda livremente e revele aspectos inesperados, ou fechadas, quando se deseja obter respostas mais objetivas. As entrevistas podem variar de estruturadas, com perguntas fixas e ordem definida, até não estruturadas, com maior liberdade para seguir o rumo da conversa. No entanto, o formato mais comum é o semiestruturado, que combina um roteiro previamente elaborado com a flexibilidade de aprofundar temas relevantes conforme a entrevista se desenrola. Essa técnica permite obter informações ricas e detalhadas, embora demande mais tempo e preparo do entrevistador para garantir a qualidade dos dados coletados.
Questionário
O questionário é uma técnica de coleta de dados que se destaca por sua capacidade de atingir um grande número de usuários de forma rápida e eficiente, sendo especialmente útil para extrair dados quantitativos. Ele consiste em um conjunto de perguntas padronizadas, geralmente estruturadas, que podem ser respondidas sem a presença de um entrevistador. Essa padronização facilita a análise dos resultados, especialmente quando o questionário é aplicado online, o que também reduz custos e esforço de distribuição. Apesar de sua praticidade, a elaboração de um questionário exige cuidado para evitar perguntas ambíguas, enviesadas ou excessivamente fechadas, que possam limitar as respostas e comprometer a qualidade dos dados. Além disso, como não há interação direta com os participantes, é mais difícil esclarecer dúvidas ou explorar melhor respostas interessantes. Portanto, um bom questionário deve ser claro, objetivo e bem testado, garantindo que os dados coletados sejam válidos, confiáveis e relevantes para o projeto.
Técnicas Selecionadas
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Introspecção: Como dito anteriormente, uma técnica muito útil. Ela foi escolhida por se tratar de uma técnica adequada para definir requisitos de sistemas ao permitir que o analista imagine cenários hipotéticos e identifique os elementos essenciais para a execução de determinadas tarefas. No entanto, apesar de sua utilidade, a introspecção apresenta desafios significativos quando realizada por especialistas que não possuem experiência direta com o público-alvo do sistema.
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Análise de Documentação: Consideravelmente dinâmica, a análise de documentação é, como previamente citado, adequada para iniciar os trabalhos de elicitação de requisitos e observar como um sistema legado funciona. No entanto, apesar de possuir a vantagem de partir de um ponto avançado, é de pouca utilidade para elicitar novos requisitos, especialmente em sistemas completamente novos.
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Entrevista: A entrevista foi escolhida para elicitar requisitos porque permite obter informações detalhadas e profundas diretamente com os usuários, por meio de uma conversa guiada. Essa técnica oferece flexibilidade ao entrevistador, que pode adaptar o roteiro, explorar temas inesperados e fazer perguntas de acompanhamento conforme o andamento da conversa. Além disso, a entrevista é eficaz para revelar aspectos que outras técnicas, como questionários, não capturam com a mesma riqueza.
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Questionário: O questionário foi escolhido para elicitar requisitos porque permite coletar rapidamente uma grande quantidade de dados de muitos usuários, especialmente quando se busca informações quantitativas. Ele é eficiente em termos de tempo e custo, principalmente quando distribuído pela internet, e facilita a análise padronizada das respostas. Além disso, por não depender da presença de um entrevistador, pode alcançar usuários geograficamente dispersos. Quando bem elaborado, com perguntas claras e objetivas, o questionário é uma ferramenta eficaz para identificar padrões de comportamento, preferências e necessidades dos usuários.
Referências
GOGUEN, Joseph A.; LINDE, Charlotte. Techniques for Requirements Elicitation. In: IEEE International Symposium on Requirements Engineering, 1993. p. 152-164. Acesso em: 23 abr. 2025.
Barbosa, S. D. J.; Silva, B. S. da; Silveira, M. S.; Gasparini, I.; Darin, T.; Barbosa, G. D. J. Interação Humano-Computador e Experiência do usuário. 2021 Autopublicação. ISBN: 978-65-00-19677-1. Item: 7.5.4, Acesso em 25 abr. 2025
VAZQUEZ, C. E.; SIMÕES, G. S. Engenharia de Requisitos: Software Orientado ao Negócio. 1 ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2016. p. 221-234.
Histórico de Versões
Versão | Data | Descrição | Autor | Revisor |
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1.0 | 23/04/2025 | Criação da pagina de analise das tecnicas de elicitação e informações sobre a tecnica de introspecção | João Pedro Costa | Julia Gabriela |
1.1 | 24/04/2025 | Adição da Técnica de Brainstorm | João Igor | Gabriel Flores |
1.2 | 25/05/2025 | Adição das técnicas de entrevista e questionário | Gabriel Flores | Ryan Salles |
1.3 | 30/04/2025 | Adição da técnica análise de documentação e remoção de brainstorm como técnica selecionada | Ryan Salles | João Pedro Costa |